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Eu quero o Salário!

No intimo, muitos funcionários pensam assim.

Em casos conhecidos no Brasil, mudanças em produtos aconteceram porque os consumidores sugeriram, no entanto, por que os funcionários também não sugerem mudanças ou modificações em produtos ou serviços?

Talvez dentro da cultura empresarial no país não haja espaço para isso, não haja estímulo aos funcionários para que eles também tenham a visão dos consumidores e possam fazer sugestões dentro da empresa onde trabalham.

A situação está difícil para as empresas, o mercado altamente competitivo, os chineses no calcanhar, a globalização atinge os mais variados segmentos e permite a criação de alternativas viáveis em relação ao consumo. Os funcionários reclamam da sobrecarga de trabalho, querem mais benefícios, melhores salários, mas muitos não se empenham no que fazem, buscando a ótica profissional, e sim se preocupando somente com o salário, o tíquete, etc.

Basta ver a quantidade de gente que consegue um emprego e em seguida já está na rotina, as preocupações situam-se na hora de entrada, no cafezinho, na hora do almoço e na de saída. Também, em muitos casos, não querem responsabilidades para não se expor muito e conservar o emprego.

No livro Cirque du SoleilT - A Reinvenção do Espetáculo (Editora Elsevier) há uma observação interessante, pois eles cedem ingressos aos próprios artistas, para que nas horas de folgas, assistam aos espetáculos e possam dar a opinião como espectadores e também sugerir mudanças em alguns dos quadros.

Temos, por exemplo, o caso da Toyota que classifica o operário-modelo aquele que identifica problemas e propõe soluções bem como deve se preocupar com a aplicação que o produto terá depois de ser vendido.

Em outros casos, sugestões de clientes vieram através do Call Center, do SAC, ou, como por exemplo, a Ajinomoto através da cozinha experimental Oficina do Sabor, seus profissionais testaram boas idéias a partir de sugestões que chegaram pelo 0800 e mudaram produtos, como no caso do picote de separação dos envelopes de Sazon.

Um cliente com deficiência visual sugeriu ao Bradesco o desenvolvimento de um software que permitisse aos cegos o acesso às contas com a privacidade a que qualquer cliente tem direito. Hoje, o Bradesco é o único banco brasileiro a oferecer tal serviço.

Existem outras empresas que tem historias iguais a essas, mas na grande maioria, foram os consumidores que sugeriram as mudanças. E olhe que os funcionários também utilizam produtos e serviços das empresas onde trabalham.

Em função disso, a área de Recursos Humanos deveria ser mais ligada para estimular os funcionários a dar suas opiniões e sugestões aos diversos setores da empresa.

Ah, mas o RH não tem como se envolver com produtos ou serviços!

Isso, para mim, é sair de fininho, não querer mais responsabilidades! Afinal, qual a função básica do RH dentro da empresa? Não inclui treinamentos? Não inclui ouvidorias? Não é ele o termômetro da empresa? Não é ele o responsável por pesquisas de clima organizacional? E porque também não pode receber sugestões, encaminhar aos departamentos e, se for o caso de algo excelente ou viável, sugerir alguma premiação ao funcionário que se empenhou em ajudar a empresa?

Existem no mercado diversas empresas que planejam incentivos, as quais têm formas e conhecimentos para atividades como essa, criando projetos de Endomarketing para buscar as melhores idéias e, consequentemente, uma melhoria nos produtos ou serviços, criando um diferencial para a empresa destacar-se na competição pelo mercado.

Vivemos hoje numa época onde temos que buscar diferenciais, sair das chamadas zonas de conforto, procurar crescer e vender mais, e isso só é possível com boas idéias.

Pode ser que muitas empresas não permitam esse tipo de manifestação, até porque iria entrar em choque com a área de criação, com diretorias especificas etc, mas o que interessa mais: seguir os caminhos da burocracia, ferir suscetibilidades e perder mercado ou ouvir uma sugestão viável e ganhar um pouco mais de espaço?

Todos os funcionários das empresas deveriam se colocar na posição de consumidores, mudarem um pouco o ciclo de pensamento e tentar enxergar oportunidades ou mudanças, que seriam importantes para a empresa onde trabalha. E a empresa deveria estar preparada para receber essas sugestões espontâneas.

Afinal, salário é ótimo, mas só virá se a empresa estiver com a saúde financeira em dia!

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